Monday, December 25, 2006

Os professores portugueses no Recife - excerto de uma entrevista com Aron Simis

No Instituto de Matematica de Recife
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Foi, então, por ter passado um ano fora que seu curso demorou mais?
Sim. Voltei e retomei o curso, que desde o meu primeiro ano tinha tido seu currıculo bastante modificado, com a introdução de disciplinas novas, graças à iniciativa dos professores portugueses que se encontravam em Recife nessa altura. Eram quatro professores, todos com uma formação bastante boa, relativamente ao que já existia, que era essencialmente um curso dados por engenheiros. Isso foi uma grande novidade. Foi nessa época que entrei em contato com disciplinas inteiramente desconhecidas para mim, como Álgebra Linear, por exemplo, coisa extremamente corriqueira hoje em dia. Eu peguei o momento de transição. E os responsaveis maiores foram esses professores portugueses, certamente Ruy Luís Gomes, talvez o mais velho deles, um personagem extremamente complexo, muito interessante, um grande humanista. Inclusive, foi candidato à presidência da República portuguesa contra Salazar, um anticandidato, claro; depois de ficar preso durante um período, finalmente exilou-se na Argentina junto com outros conterrâneos, como o algebrista António Aniceto Monteiro. Da Argentina Ruy Luís Gomes veio para Pernambuco, onde já estavam outros dois portugueses que não tinham problemas políticos e tinham vindo diretamente de Portugal, contratados pela Universidade: Alfredo Pereira Gomes, que tinha uma formação bem francesa, e Manuel Zaluar Nunes, que tinha uma formação mais em computação, mais aplicada. E finalmente, José Cardoso Morgado Júnior, que foi quem me influenciou mais na escolha de área, direta ou indiretamente.

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[Reproduzido de IMPA 50 Anos]