Thursday, November 30, 2006

Faleceu Alfredo Pereira Gomes


Comunicado da Direcção da SPM

É com dor e consternação que a Sociedade Portuguesa de Matemática comunica aos sócios o falecimento do seu sócio honorário, Prof. Alfredo Pereira Gomes, a 29 de Novembro, em Lisboa. O corpo estará em Câmara ardente a partir das 17h de hoje, 30 de Novembro, na casa mortuária da Igreja Nossa Senhora de Fátima, na Av. de Berna, e seguirá amanhã, dia 1 de Dezembro, pelas 10:30, para o Cemitério do Alto de S. João.
A Direcção da S.P.M. convida todos os associados a estarem presentes na despedida deste ilustre matemático.
Ver
(Nota - nesta Biografia há um pequeno lapso: Pereira Gomes foi expulso em Outubro de 1946 e não em 1947)

Alfredo Pereira Gomes

Em Julho de 1946 realiza-se o doutoramento de Alfredo Pereira Gomes na Universidade do Porto, depois de ter sido orientado por António Aniceto Monteiro. É o primeiro doutoramento que resulta da actividade do CEMP, fundado por Ruy Luís Gomes.
Em Outubro desse ano, Alfredo Pereira Gomes é afastado da Universidade, por decisão do Governo, alegadamente por “estar incurso no disposto do decreto-lei nº 25317”. Pouco depois vai para Paris onde ingressa no CNRS, sob o patrocínio de M. Fréchet e A. Denjoy, ficando em França até ao fim de 1952.
No início de Fevereirode 1953, chega à Universidade Federal de Pernambuco, Recife, convidado pelo Reitor da Universidade, para formar um Departamento de Matemática na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Em seguida, e a convite de Alfredo Pereira Gomes, vindo de Lisboa, chega Manuel Zaluar Nunes.
Em 1960, José Morgado, ido de Portugal, junta-se a Pereira Gomes e Zaluar Nunes, no Recife.
Em 1962, alguns meses depois da chegada de Ruy Luís Gomes, Pereira Gomes, convidado, por J. Delsarte (com o apoio de H. Cartan, L. Schwartz, Lions, Malgrange, etc.), vai para a Universidade de Nancy, aí permanecendo até 1971. Regressa definitivamente a Portugal.
Faleceu a 29 de Novembro de 2006.

Saturday, November 25, 2006

Centenário de Rómulo de Carvalho (4): António é o meu nome

Friday, November 24, 2006

Centenário de Rómulo de Carvalho (3)

Centenário de Rómulo de Carvalho (2)

Poema da morte na estrada

Na berma da estrada, nuns quinhentos metros,
estão quinhentos mortos com os olhos abertos.

A morte, num sopro, colheu-os aos molhos.
Nem tiveram tempo para fechar os olhos.

Eles bem sabiam dos bancos da escola
como os homens dignos sucumbem na guerra.
Lá saber, sabiam.
A mão firme empunhando a espada ou a pistola,
morrendo sem ceder nem um palmo de terra.

Pois é.
Mas veio de lá a bomba, fulgurante como mil sóis,
não lhes deu tempo para serem heróis.

Eles bem sabiam que o último pensamento
devia estar reservado para a pátria amada.
Lá saber, sabiam.
Mas veio de lá a bomba e destruiu tudo num só momento.
Não lhes deu tempo para pensar em nada.

Agora,
na berma da estrada, nuns quinhentos metros,
são quinhentos mortos com os olhos abertos.

[Reproduzido de Comemorações do centenário do nascimento de Rómulo de Carvalho]

Centenário de Rómulo de Carvalho (1)

Enquanto

Enquanto houver um homem caído de bruços no passeio

e um sargento que lhe volta o corpo com a ponta do pé
para ver como é;

enquanto o sangue gorgolejar das artérias abertas

e correr pelos interstícios das pedras,
pressuroso e vivo como vermelhas minhocas despertas;

enquanto as crianças de olhos lívidos e redondos como luas,

órfãs de pais e de mães,
andarem acossadas pelas ruas
como matilhas de cães;

enquanto as aves tiverem de interromper o seu canto

com o coraçãozinho débil a saltar-lhes do peito fremente,
num silêncio de espanto,
rasgado pelo grito da sereia estridente;

enquanto o grande pássaro de fogo e alumínio

cobrir o mundo com a sombra escaldante das suas asas
amassando na mesma lama de extermínio
os ossos dos homens e as traves das suas casas;

enquanto tudo isto acontecer, e o mais que se não diz por ser verdade,

enquanto for preciso lutar até ao desespero da agonia,
o poeta escreverá com alcatrão nos muros da cidade:

ABAIXO O MISTÉRIO DA POESIA!

(António Gedeão, Linhas de força, 1967,Coimbra)

[Reproduzido de Tributo aos poetas: Enquanto]

Wednesday, November 15, 2006

"Recordar Angola - 2º Volume", de Paulo Salvador, recorda António Aniceto Monteiro