Wednesday, September 22, 2010

Exposição "Abel Salazar Artista" na Reitoria da Universidade do Porto


(do espólio de António Aniceto Monteiro)
Agradecimentos à família de António Aniceto Monteiro
A legenda está escrita pela mão de Ruy Luís Gomes
Digitalização de Jorge Rezende
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Terças a Sábados das 11h00 às 20h00
- entrada livre -
Sala de Exposições Temporárias - 3º piso

Abel Salazar foi um desses vultos raros de Homem do Renascimento, um espírito curioso, irrequieto, que teve uma participação cívica profícua e eclética, enquanto, médico, cientista e pedagogo (especialista em histologia, foi professor universitário de Histologia e Embriologia na Faculdade de Medicina do Porto, tendo sido director do Instituto com o nome da sua cátedra; foi ainda director do Centro de Estudos Microscópicos que funcionava junto à Faculdade de Farmácia do Porto), mas também pensador (interessava-se por questões económicas, sociais e políticas, mantinha colaborações em jornais literários, escrevia livros de viagens, de críticas, de filosofia) e artista (nas diversas linguagens: pintura, desenho, gravura, escultura). É a sua faceta de artista que se sublinha com esta exposição, trazendo ao centro da cidade (Edifício da Reitoria da U.Porto) pequenas "jóias" da sua arte, exposta habitualmente na Casa-Museu Abel Salazar, localizada em S. Mamede de Infesta (concelho de Matosinhos), espaço museológico para o qual todos os visitantes deverão ser remetidos com vista a um conhecimento mais aprofundado da vida e obra desta figura ímpar, tão intimamente relacionada com a própria história da Universidade do Porto.
Esta exposição é uma pequena mostra do talento multifacetado de Abel Salazar (artista plástico, desenhador, gravador e inclui as suas primeiras pinturas a óleo que nos revelam um pintor de extrema sensibilidade. As suas paisagens de campos minhotos são banhadas de sol e de cor. Com admirável simplicidade mostra-nos também costumes simples de mulheres do povo em mercados do Porto e feiras do Minho.
A pintura de retratos, sem deixar de ser fiel ao modelo, assemelha-se a espontâneos e expressivos apontamentos, onde vigorosas pinceladas fortes, muitas vezes negras, acabam por identificar definitivamente o retratado.
Nos desenhos, nos quais experimentou, também, as mais variadas técnicas, exprime-se com diversificadas caligrafias espontâneas e pessoais cujas vibrações e clareza, são linguagens específicas. Os seus desenhos foram muitas vezes o esqueleto dos seus quadros.
Na gravura, as águas-fortes, pontas-secas e monotipias são no seu tempo, onde ainda existia um núcleo de exímios gravadores, consideradas de grande qualidade.

Luísa Garcia Fernandes - Comissária